Tive saudades...



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-Tive saudades... Ouço mal entro, ainda sem fechar a porta nem pousar a mala. Sorrio. É sempre assim que me recebes depois de uma viagem, de uns dias fora em trabalho, de uma saída mais demorada...Fecho a porta, ainda sem me voltar para te olhar, muito devagar, numa lentidão propositada. Deixo caír a mala e olho finalmente para ti. É uma visão que ainda me deixa sem ar, mesmo depois de todo este tempo. Sorris-me, encostado á parede, com os braços cruzados sobre o peito nu. Corro no espaço exíguo que nos separa, lançando-me para os braços que entretanto abriste, á minha espera. Na minha cabeça, o "lar, doce lar", nunca fez tanto sentido como quando regresso a casa e te encontro assim, tranquilo e relaxado... o meu porto de abrigo.

Fazes-me rodopiar e sinto a parede fria nas minhas costas. Entrelaças os teus dedos nos meus, habilmente, e prendes-me os braços acima da cabeça, com o olhar fixo no meu. Arqueio a sobrancelha com o meu melhor sorriso trocista no rosto. - Provocadora. - Acusas-me também a sorrir, com aquela expressão de quem sabe muito bem que vai conseguir o que quer. Viras-me de costas e em menos de nada o meu vestido azul está no chão aos meus pés, e as tuas mãos cobrem os meus seios, como se fossem feitas especialmente á medida para isso. Sinto a tua respiração quente na minha nuca quando me beijas o pescoço. Mordes-me, provocando-me um arrepio, bem diferente daqueles que ainda há instantes sentia no ar frio da rua e estou novamente de frente para ti, quando me pegas ao colo. Rodeio-te a cintura com as pernas, perdendo as minhas mãos no teu cabelo, procurando a tua boca com a minha.  Sinto o teu hálito quente quando esmagas os meus lábios num beijo ávido. Puxo-te o cabelo e um gemido gutural sai-te da garganta perdendo-se no nosso beijo. Afastas os lábios dos meus e murmuras "tive mesmo saudades tuas" e voltas a beijar-me, daquele jeito que pede mais e mais de mim e a que não me nego.  Arqueio o corpo e deixo escapar um gemido baixinho, quase um lamento, quando entras em mim. Pressiono o meu corpo contra o teu, liberta já da sensação de vazio que sinto sempre que não estás comigo, pedindo por ti, querendo sempre mais de ti. Beijo-te o peito e sussurro qualquer coisa incoerente enquanto sinto a tensão abandonar-me, substituída por algo diferente, infinitamente melhor...Encosto a minha testa á tua, e estamos olhos nos olhos mais uma vez... cravo as unhas nas tuas costas, fecho os olhos, completamente perdida, sem razão, sem noção e deixo-me ir, semi inconsciente e levando-te comigo...

Quando recupero a plena consciência, estou deitada sobre o teu peito, com o teu braço protector a aconchegar-me contra ti, e acaricias-me o cabelo ao de leve. Levanto o rosto para te olhar, só porque adoro olhar para ti quando estás assim, indefeso e transparente, saciado de mim e soltas uma gargalhada que te faz estremecer o corpo e me faz rir também. Levanto-me.

- Tenho de viajar mais vezes. - Digo-te, enquanto te deito a língua de fora. Corres atrás de mim até ao quarto e deixo-me apanhar, rindo como perdida e caimos os dois sobre a cama...

Já sei que não ficamos por aqui. Porque eu também tive saudades tuas.

Tive tantas saudades tuas.

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