Não entendes a frieza que habita entre nós, no lugar onde morava caloroso entendimento, ou a ausência, indiferente, de quem costumava necessitar desesperadamente da tua presença... Não entendes os silêncios, prolongados e distantes, que silenciaram as lânguidas conversas de noites inteiras ou as palavras antónimas aos carinhosos poemas de outros dias...
Dou por mim a escudar-me do medo nesses silêncios demasiado gritantes e ausências intermináveis...
Sabes, quando foste embora, deixaste-me a alma a sangrar e o coração em ferida... Não conseguia respirar livremente, não era capaz de recordar-te porque não havia um único pedaço de mim capaz de não sofrer... Tu estilhaçaste-me em milhares de fragmentos... Eu era apenas uma sombra, uma total ausência de mim...um nada que apenas existia num imenso vazio de ti...
Magoaste-me... E eu perdoei... Mas não esqueci... E apesar de não me lembrar de quem era para ti antes de me magoares, a dor é um sentimento que difícilmente se apaga da alma e que se teme mais do que o vazio... E dela eu lembro-me bem.
Não perguntas... e ainda assim suspeito que sabes a resposta, capaz, como só tu, de me ler nas entrelinhas e me desvendar a alma.
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