A minha vontade é esquecer a boa educação e o politicamente correcto e fazer uma cena. Dizer-te na cara tudo o que calei durante este tempo todo e que me pesa na alma... usar todas as palavras cruéis que tenho atravessadas na garganta e que quase me sufocam... Gritar. Até ficar sem voz e a garganta me doer, como me dói agora de tanto conter as lágrimas. Mandar-te dois berros daqueles que ferem os tímpanos e que não dizem absolutamente nada de intelígivel mas que chocam pela violência de quem os dá. Discutir. Responder com cinismo a todos os teus argumentos e desculpas em que não acredito. Partir coisas. Destruir qualquer vestígio que ainda exista da tua passagem pela minha vida. Ser completamente desequilibrada. Mandar cá para fora alguma da loucura que me deixaste.
Ah...a minha vontade! A vontade que tenho de te dizer que me transformaste numa sombra do que costumava ser...Que aquele lugar na minha alma que é obscuro e assombrado é todo teu, foste tu quem o deixou assim, abandonado, deserto e escuro... com o teu fantasma a deambular por lá... Que o pedaço de coração que me falta foste tu quem o levou e o amachucou,deixando-o por aí perdido num canto qualquer, talvez junto dos outros pedaços de outros corações que tenhas roubado... a deteorar-se. Que as vozes na minha cabeça, com as mesmas perguntas incessantes, que não me deixam ter paz, são culpa tua, um coro de que foste o ensaiador. Que esta criatura que não reconheço, ferida, e despojada daquilo que era a sua essência é obra tua. Que a maldade e o veneno que me correm nas veias e fazem de mim um perigo para mim mesma, isolando-me ao não permitir que ninguém se aproxime, foste tu quem os criou.
Mas como é que se diz o que quer que seja na cara de quem se esconde? Como é que se grita com quem parece ser surdo? De que serve? Como é que se magoa quem parece já ter tido o coração arrancado sem ter dado por isso? Com quem não sente nada? Pelo menos eu senti quando o meu foi despedaçado e consumido pela dor...
Ah...se eu te pudesse magoar...se te pudesse fazer um décimo do mal que me fizeste...
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