O tempo parece parado, petrificado naquele instante, em que, pela primeira vez, consegue lê-la. Fitam-se, e ela sustenta-lhe o olhar, dona e senhora de si, como se nada temesse, como se o desafiasse, convidando-o a desvendá-la.
Não fala, limitando-se a olhá-lo, sem subterfúgios, sem o habitual baixar de cabeça, sem nunca desviar o olhar, revelando-se. E naquele castanho caramelizado, encontra a resposta á dúvida que o assalta, intermitentemente, ao sabor das aproximações e distanciamentos dela. Vê na limpidez daqueles olhos, a transparência e sinceridade das palavras que deixa por dizer. E o brilho que lhe dança no olhar, reflecte o fogo daquele sentimento que a consome.
Ela sorri, trazendo-o de volta ao presente, agindo como se depositar a alma no olhar, á mercê da análise dele, fosse tão simples como respirar, muito embora, num último relance, lhe tenha desvendado um breve lampejo de medo, a certeza absoluta de que ele a tinha lido na perfeição e agora, finalmente, sabia.
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