Chorar é apanágio meu. Só meu. Porque ninguém chora como eu. As minhas lágrimas não escorrem, deslizam como folhas de Outono, leves e graciosas, como se a minha alma fosse uma árvore a desfolhar. Desprendem-se dos ramos fortes com facilidade, bastando um sussurro do vento. As minhas lágrimas não são como um rio, turvo pela terra que se revolve à sua passagem. São gotas cristalinas, que assentam nos meus lábios como uma gota de orvalho numa rosa. Não se desfazem no percurso, porque quando choro, sou inteira. Quando me assomam aos olhos e os fazem brilhar, não procuro contê-las. Afinal, não posso conter os sentimentos, porque iria refrear a sua expressão? Não me apresso a ocultar o rasto que deixam ao deslizarem-me pelo rosto. Porque esse rasto mostra que os sentimentos não se extinguem assim que se fina a sua expressão. Posso envergonhar-me por sentir?
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