Pediste-me que fosse embora. Que nunca mais desse qualquer sinal da minha existência. Nunca me perguntaste o que eu queria. Ter-te-ia dito que queria que fizesses parte da minha vida. Que queria que fosses o amigo que sempre foste. Mas nunca quiseste saber. Eu fui. Porque era o que tu querias. Porque aprendi a não ficar onde não me querem, aprendi a não querer quem não me quer. Não te questionei, não tentei ficar. Limitei-me a saír, em silêncio, da tua vida.
As tuas marcas, persistem. Como se mas tivesses cravado na alma com um ferro quente. Apaguei cada rasto físico da tua passagem. As fotografias, as cartas, um ou dois poemas, tudo queimado. As recordações, não as posso apagar. Vou-as reprimindo. Uns dias com sucesso, outros nem por isso. Nos dias em que não te consigo expulsar do meu pensamento, em que uma simples palavra me lembra de ti, sofro. Pergunto-me porquê, mas nunca alcanço uma resposta. Tu certificaste-te que me afastavas, mas que não eras esquecido.
Quando parti, recolhi tudo o que te pudesse lembrar de mim. Apaguei-me do teu mundo. Hoje descobri que não gostaste. Descobri que não me querias na tua vida, mas que a minha ausência me tornava objecto da tua saudade. Descobri que precisavas de algo que provasse que tinha passado por lá. Que precisavas de algo que me tornasse real, que provasse que as confidências, a partilha, os risos e as lágrimas tinham sido verdadeiros e não produto da tua imaginação. Descobri que não consegues estar comigo, mas não suportas estar sem mim.
Desculpa se a minha ausência tornou necessária a minha presença.
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