Mergulho.



2 comentários
Mergulho de cabeça no oceano profundo de tristezas e mágoas que se estende à minha frente. A dor é tal que me impede de voltar à superfície. Sinto o ar esgotar-se nos pulmões e quase agradeço o alivio que chegará com a inconsciência. Talvez fique submersa durante algum tempo no fundo do mar, empurrada pelas ondas de saudades e solidões que um dia se apoderaram da minha alma. Ou talvez acabe a flutuar, como o silêncio flutua ainda no espaço que me separa de quem um dia me foi tão querido. Uma vaga violenta de desespero acabará por atirar o meu corpo despido de alma para a praia agora deserta que um dia chamei de vida. As gaivotas virão e chamarão a atenção de um pescador para mim. E ele ficará entristecido ao ver-me assim, roxa e sem respirar. Encostará a cabeça no meu peito e verá que o meu coração, ainda que fraco, bate. Tentará trazer-me de volta, mas não saberá que estará apenas a recuperar um corpo e não uma vida. Porque sem alma, nenhum corpo pode viver, apenas sobrevive. Sem sentir, adormecido pela inércia de uma quase morte que não o sendo, acaba por sê-lo.

2 comentários:

Anónimo at: 25 de novembro de 2014 às 12:31 disse...

profundo e triste, comoveu-me bastante.

Silêncios e Barulhos at: 25 de novembro de 2014 às 15:16 disse...

O estado de espírito da autora era mesmo de profunda tristeza caro anónimo. Obrigada pelo comentário e pela visita.

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